Ideal de beleza, evolução e problemática
O tema geral do nosso projecto é o ideal de beleza e o seu impacto na sociedade. Escolhemo-lo pois também nós sentimos na pele as consequências que este simples conceito pode trazer. No entanto desejámos aprofundar ainda mais o nosso conhecimento sobre essas mesmas: o impacto a nível de mentalidades; o impacto na auto-estima de cada individuo; a busca incessante de formas de nos tornarmos belos, etc. Mas, antes que pudéssemos tratar esses assuntos, necessitámos saber mais sobre o conceito em si.
Então, o que é afinal o ideal de beleza? Este conceito pode ser descrito de diferentes formas, conforme a perspectiva de quem o analisa. Muito resumidamente e de forma bastante simples, o ideal de beleza é o padrão estabelecido por cada sociedade que estipula o que é ou não belo.
Numa visão mais sociológica e ainda pela via da psicologia, podemos dizer que o ideal de beleza, tanto feminino como masculino, é uma construção social que varia não só no tempo (conforme a época) mas também no espaço, mais precisamente de sociedade para sociedade e as suas respectivas culturas. Ao longo do tempo este ideal transforma-se, influenciado não só pelos valores e normas de cada sociedade mas, também, pela arte própria da época e da cultura. Ainda nos nossos dias, e apesar do fenómeno da globalização, podemos observar diferenças no ideal de beleza de inúmeras sociedades contemporâneas. Em algumas, a mulher ideal é baixa, noutras é alta; numas a exposição do corpo feminino é vista com grande agrado, noutras a ocultação do corpo é um dos mais altos valores. Desta forma, não se pode dizer que surgem, ao longo do tempo, vários ideais mas sim que um único ideal transforma-se, acompanhando a mudança de mentalidades, costumes e valores.
Falemos agora da problematização em torno deste conceito. Na sociedade ocidental moderna valoriza-se, por vezes em demasia, a magreza. Esta é-nos transmitida através de inúmeras representações sociais, maioritariamente criadas pelos media e que chegam mesmo a atingir extremos. Assim, a interiorização do ideal de beleza próprio do meio onde nos inserimos constitui, inúmeras vezes, um factor negativo no processo de socialização de cada um. Isto porque este ideal funciona, para muitos, como um modelo pelo qual se regem e através do qual adoptam certos estilos de vida, na esperança de se enquadrarem na sociedade. Podemos, então, dar o exemplo do mundo da moda. Nos nossos dias, para se fazer parte deste mundo é necessário preencher certas medidas. Em termos muito gerais, é necessário ser-se magro (extremamente magro) e alto. Os jovens, que são quem mais aspiram a participar no mundo da moda, acreditam que para se ser “belo” é necessário preencher estes requisitos. As imagens ou representações provenientes do mundo da moda, levam-nos a ter comportamentos de forma a tornarem-se adequados perante estes padrões. Temos testemunhado, na nossa década, os riscos consequentes da adopção desses mesmos comportamentos. As consequências não são meramente físicas, mas podem, inclusive, constituir problemas do foro psicológico, tais como bulimia e anorexia.
Apesar da enganadora simplicidade que aparenta caracterizar o conceito de ideal de beleza, podemos concluir que este envolve bastante mais que a imagem corporal. O ideal de beleza é, no nosso ponto de vista, um conceito efémero e tão subjectivo quanto a própria raça humana.
Catarina Oliveira
